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sábado, 19 de novembro de 2011

A LENDA DA VIA LÁCTEA


Era uma vez um Anjo pequenino.
Vivia num dos lugares mais lindos e estrelados do Céu.
Tinha um rostinho corado e gorducho, olhos claros e brilhantes como duas estrelinhas, cabelos castanhos e cacheados como a lã das ovelhinhas.
Jesus o amava muito. Gostava também dos outros Anjos, mas amava mais este porque era pequenino e bom de coração.
Este Anjinho gostava de unir ao coroo outros seus coleguinhas para com eles dançar e cantar.
Um dia, porém, começou a ficar triste, sozinho e pensativo, num cantinho do Céu.
O que lhe teria acontecido?
Já vou contar.
O Anjinho costumava descer à terra, sentado numa nuvem cor de rosa. Era um tantinho curioso e procurava saber o que os homens faziam aqui na terra. Um dia, porém, enquanto estava descendo num prado, viu um menino de sete anos, mais ou menos, sentado perto da cerca de uma fazenda.
Estava chorando. De vez em quando enxugava as lágrimas com as mãos.
Tinha a calcinha rasgada e os sapatos muito estragados.

O Anjinho ficou pensativo, olhando para o pobre menino.
Quis saber porque estava chorando. E o pequeno lhe disse que estava com muita fome...
Naquele noite o Anjinho voltou para o céu muito triste.
No dia seguinte quis descer de novo à terra, mas não teve coragem. Tinha medo de encontrar outra vez aquele menino, sem poder ajudá-lo.

Passaram-se muitos dias.
Chegou o inverno.
O Anjinho não agüentou mais: quis saber como estava passando o seu amiguinho. Por isso, desceu à terra. Encontrou-se de novo com ele. Mas, coisa estranha: o menino não estava mais chorando. Sentado à porta de sua casa, fazia cestinhos de palha. Aprendera também a fazer leques e outras coisas bonitas. Depois vendia tudo isso na cidade e assim podia ajudar a mãe e os irmãozinhos.

Pobrezinho! O menino era órfão. Cedo perdera o pai. Por isso, embora pequeno, obrigado pela necessidade, tinha-se tornado sério e ajuizado. Trabalhava com atenção como se fosse um homenzinho, porque precisava ajudar a mãe a ganhar o pão também para os irmãozinhos.
O nosso Anjinho, datisfeito, ficava perto dele, sem ser visto, naturalmente, e esperava que o pequeno acabasse o trabalho. Depois, ia com ele até à cidade onde o menino vendia os cestinhos, os leques, etc.
O menino batia de porta em porta e oferecia os cestinhos às mulheres que vinham atendê-lo. Muitas vezes, da porta aberta, vinha um cheirinho gostoso. Era dos bolinhos que estavam aquelas mulheres fazendo na cozinha. E o menino ficava com água na boca.
E aquelas casas, como eram quentinhas!... Lá fora, o contrário, fazia muito frio; muita neve caía, cobrindo os caminhos, os telhados das casas e os ramos das árvores... Os pezinhos do pequeno, mal protegidos pelas sandálias rotas, ficavam roxos de frio...
Pouca gente tinha pena dele e lhe dava um pedaço de pão. O Anjinho via e ouvia tudo calado, mas sentia uma dor muito grande no coração.
Depois de vendido tudo, o menino voltava para casa, cansado; e o Anjinho, triste, voltava para o céu...

Uma tarde, Jesus, que já tinha reparado na tristeza do seu Anjinho, quis saber o motivo de sua dor.
O Anjinho contou-lhe tudo. E Jesus o consolou, prometendo ajudar o menino pobre, quando chegasse a hora. De fato, já pensara em ajudá-lo. Tinha-lhe dado uma linda voz e cuidaria também de sugerir a alguma pessoa boa que matriculase o menino na escola e assim o ajudasse a ganhar o pão para sua mãe e irmãozinhos.
O Anjinho, porém, não sabia disso e, naquela noite, não pode dormir. A lua brilhava no céu.
Nosso Anjinho, tristonho, com a cabecinha entre as mãos, ficou pensando a noite inteira: "Como poderei ajudar aquele pobrezinho?"
"É verdade - dizia consigo - Jesus prometeu ajudar o meu amiguinho, mas... quando?...
Depois olhou ao redor de si...
"Quantas estrelas!... quanto ouro há por aqui!" - pensou. E teve uma boa idéia.
"São muitas estrelinhas. Se eu tirar algumas, o céu decerto não ficará mais pobre e meu amiguinho poderá vender este ouro e ficar rico."

Pensou, e assim fez.
Correu para dentro, tomou o manto azul de Jesus e foi-se esgueirando bem devagarinho.
Com uma das mãos segurava as quatro pontas do manto e, com a outra, oa colhendo uma por uma, as estrelas mais pequeninas.
Colheu, colheu até encher o manto. E as estrelinhas, brilhando, pareciam sorrir contentes ao caírem nas mãos do Anjinho.

Enquanto isso, Jesus escondido atrás de uma nuvem, viu tudo e sorriu com tristeza.
Gostava muito do Anjinho, mas estava triste porque ele não tivera paciência de esperar mais um pouco. Na sua ingenuidade, o Anjinho não sabia que aquele ouro das estrelas não podia ser usado, nem vendido, na terra, nem podia enriquecer ninguém, porque o brilho das estrelinhas aqui se apagaria.
Mas o Anjinho nada disso sabia.
Continuava a colher as estrelas pequeninas, como se tirasse de um grande manto de veludo as pérolas amis brilhantes e pequenas.
Assim o Anjinho trabalhou por alguns minutos... ou por algumas horas? Quem sabe?! O certo é que o manto azul ficou cheinho de estrelas...
Jesus, sempre escondidos atrás da nuvem, olhava, já antevendo o que ia acontecer...
Acabada a colheita de estrelas, o Anjinho colocou o manto sobre uma nuvenzinha branca. Amarrou as pontas e pôs o saco nas costas. Depois, começou a descer à terra...
O saco era muito pesado, mas Anjinho estava tão contente que nem sequer lhe sentia o peso... Só queria viar depresa e chegar à casa do seu amiguinho...
"Daqui a pouco - pensava sorrindo - meu amiguinho estará muito rico. Com todo este ouro poderá comprar roupas, sapatos e comidas à vontade para si e para seus irmãozinhos... O menino, com certeza, estará dormindo a estas horas, mas entrarei devagarinho no seu quarto. Depois de lhe ter dado um beijinho na fronte, despejarei todo o ouro das estrelinhas no cesto maior que eu lá encontrar. Quando o menino acordar, como vai ficar contente e encantado com o brilho deste ouro! Chamará também a mãe e os irmãozinhos e todos ficarão deslumbrados com tamanha riqueza...

Mas... o plano do Anjinho gorou.
Sabem por quê?
Porque o Anjinho, ao descer à terra, não percebeu que o saco se tinha rasgado. Assim, enquanto ele, contente, voava, ia espalhando no céu toda as estrelinhas que tinha colhido com tanto esforço.
Formou-se assim, no céu, um caminho branco e luminoso... Ao perceber que o saco estava ficando cada vez mais leve o Anjinho voltou-se para traz e sentiu uma imensa tristeza. Chorou muito por ter trabalhado em vão.
Jesus, poré, o consolou mais uma vez.
E desde aquela noite, vê-se no céu uma coisa nova: a Via Láctea.
Nas noites estreladas todos podemos admirar aquele caminho branco e brilhante, formado de estrelas tão pequenas que até aparecem grãozinhos de pó branco.
Poucos, no entanto, sabem qual é a sua história.
Eu e vocês, queridas crianças, já sabemos, não é verdade?


(Texto e desenhos de Perla Panetta Napoli , Edições Paulinas, 1963)

19 comentários:

  1. Olá Anita,
    Há alguns anos procuro na internet este livro.. LI na infância - há talvez mais de 30 anos... e perdi o mesmo.. Mas queria ver as gravuras e lembrar da lenda - pois não lembrava os detalhes.. Procurei no google, e nada.. as lendas eram outras... Na sexta passada, contando para uma colega de minha procura, entrei novamente no google... em imagens... e de repente a imagem do anjinho de que me lembrava.. Que alegria... Ver as imagens... reler a lenda... Muito obrigada por teres um dia postado. E já abusando, se tiveres o livro digitalizado, e puderes compartilhar, eu agradeço.. Mas tenha certeza que fiquei muito feliz ao encontrar o que há tempos procurava..
    Rosvita

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    1. Oi, tenho o livro ainda, mas no momento nao esta comigo, pois moro fora do Brasil e deixei la. Quem sabe um dia poderei enviar para voce digitalizado.

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    2. nossa isso é incrível pois eu também tenho procurado este livro há anos!!! eu jamais esqueci essa história e hoje consegui colocar a palavra chave no google, muiiitooo obrigada por publicar o livro!! beijos que Jesus Cristo te abençoe!!! meu email mariassis2220@hotmail.com

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    3. Como eu gostaria de ter esse livro! Ele é a lembrança mais viva e forte da mnha infancia. Muito obrigada por nós proporcionar essa alegria!!!!

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  2. O livro é maravilhoso.
    Vou mostrá-lo para minha neta, pois fez parte de minha infância. Amei reencontrar por aqui...Grata pela oportunidade.

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  3. Foi talvez, o primeiro livro que li. Gravou de uma tal forma que há anos trabalho na Pastoral da Criança, e cada vez que vejo uma situação muito difícil, tenho muita vontade de ajudar, da forma que o anjinho queria, ver a criança somente sorrindo.Mas lembro que Jesus está preparando um bom futuro para elas.É só eu rezar , fazer a minha parte e acreditar em Jesus. Procurei muito esta história, mas apareciam outras. Hoje me emocionei ao ler o texto e achar as imagens que eu tinha gravado na memória. Vou imprimir e dar de presente para meus netos. Quero que eles também conheçam a história do anjinho que queria dar as estrelas de presente para a criança, para poder vê-la feliz. Se você tiver o livro e a capa digitalizada, por favor posta, mesmo se a imagem for de uma capa rasgada. Muito obrigada. Bjs Solange Maciel

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  4. muito mas muito obrigada por publicar o livro. também li muitas vezes na infancia, perdi o livro mas não esqueci a história, ja contei para sobrinhos, filhas, filhos de amigos e agora achei as imagens, que são lindas. vou agora compartilhas as ilustrações. obrigada anjo que publicou¹

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  5. Também quero agradecer pela história. Eu ainda tenho este livro mas esta na casa da minha mae no Brasil (eu moro fora)e eu queria muito relembrar esta historia e ver as figuras. Acho que foi meu primeiro livro, que ja ganhei usado e meio surrado mas guardei com muito carinho. Muito obrigada. Bjs

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  6. Sinceramente, chorei! Eu era muito pequena quando minha mãe me deu esse livrinho, foi o meu primeiro. Já contei a história a meus alunos e especialmente a meu filho, com os cabelos cacheados como o anjinho.Fará parte do meu site.Você é uma pessoa iluminada. Obrigada!

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  7. Que legal, faz tempo que procuro esta historia, li quando era criança!Procurava no Google e só agora achei, muito linda.Eu também chorei.

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  8. Este livro marcou minha vida. Me ensinou a repartir, por isso sempre o guardei. Tenho 58 anos, ele está sem capa faz tempo, mas o conservo comigo. A primeira vez que o vi, estava dentro de um baú, no paiol da minha avó, na cidade de Laguna. Tinha 5 anos, peguei-o e levei vida fora. É o maior tesouro que tenho, por isso resolvi mostrar pra todos esta linda mensagem.

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    1. Oi, muito emocionada aqui, também guardo esse livro como um tesouro. Fez parte de varios livrinhos de historias que ganhei na minha infancia. Tenho esse e outros, eles estao guardado com minha irma, moro fora do pais e um dia irei buscar os meus tesouros. Na época li O freizinho Simplicio (nao lembro se o nome era esse, que ainda tenho) e a Fada dos moranguinhos (esse nao tenho mais). Um abraço

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  9. Minha irmã mais velha ganhou este livro quando nasceu. Fez parte de nossa infância, mas tínhamos perdido. Consegui comprar outro na estante virtual e dei a minha irmã quando ela completou 50 anos . Muito emocionante.

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  10. Faz 55 anos que li este livro. Fiquei muito feliz e satisfeita
    Revivi boa parte da minha humilde infância.
    Muito agradecida, por me proporcionar esta chance
    Receba meu carinhoso abraço

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  11. Que lindo! Amei encontrar este livro aqui. Também estava a procura dele há anos. É uma linda lembrança da minha infância. Obrigada.

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  12. Meu livro de pequena.. lembranças boas de criança...

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  13. Eu ganhei este livro dos meus avós em 12 de dezembro de 1965, quando fiz a Primeira Comunhão. Ele está bem velhinho e com uma capa nova porque a original estragou. Agora conto essa história linda para os meus alunos. Eles gostam muito.

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    1. Você poderia me enviar digitalizado? Meu pai ta procurando muito, o dele tá faltando página.

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  14. Que lindo. Ganhei de minha madrinha. Meu primeiro livro. Me emocionei em reler. Será q encontro para comprar?

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