— Pára de brilhar! Fazes-nos mal aos olhos! — diziam as nuvens.
— Apaguem-no! Não consigo fechar os olhos! — resmungava a Lua.
— Ah, estes jovens! Julgam que podem fazer tudo! — protestavam as estrelas mais velhas.
— Nunca estás quieto? — suspirava a Terra, extenuada.
— É sempre de dia! Nem podemos fechar os olhos! — diziam as pequenas estrelas, que, como todas as crianças, precisavam de dormir.
Todos os habitantes do Céu, cansadíssimos, irritados, tristonhos, começaram a pensar no que fazer ao menino Sol para ele brilhar menos: fechá-lo num armário escuro, pôr-lhe graxa preta…
— Isto não pode continuar! — trovejava a Trovoada. — Temos de encontrar uma solução.
E teve logo uma ideia, que contou à Lua e às estrelas.
A Trovoada teve então uma conversa com o menino Sol.
— Solzinho, tivemos uma ideia. Vais brilhar entre nós algumas horas e, depois, ala!… vais brilhar para o outro lado da Terra. Assim, fazes algumas horas connosco e algumas horas com o outro lado. Enquanto lá estiveres, eles divertem-se e nós dormimos. E enquanto estiveres entre nós, são eles a descansar. Assim, não precisas de parar e toda a gente ficará satisfeita!
O menino Sol saltou de alegria face à ideia de ter duas casas e, sobretudo, amigos em todo o lado.
A partir daí passou a haver noite na terra, para grande felicidade dos seus habitantes, que podem assim repousar. Foi nessa altura, aliás, que os homens apareceram, dizendo que, com um pouco de Sol durante o dia e um pouco de escuro à noite, a vida seria bem agradável na Terra.
Sabe-se que, à noite, o Sol nunca chega a desaparecer totalmente, mas que está simplesmente do outro lado da Terra, a viver a sua segunda vida, na sua segunda casa, à espera de voltar. É por isso que nunca se deve ter medo do escuro.
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