Era uma vez uma menina muito pequena que tinha o céu pintado na palma das mãos, escondia nos olhos miúdos um mundo de fantasias, para o qual fugia toda noite depois de fechá-los. Nesse mundo ela era fada, ela era viva, pulava em cima da liberdade, não existia medo, não existia dor, muito menos injustiça, a alegria era uma regra, o amor era a lei. Quando a menina cantava, de sua boca saia nuvens coloridas, enquanto dançava e rodopiava sob o capim dourado, saia de seus cabelos um cheiro de fruta doce se misturando com o odor natural de grama recém cortada, de suas asas transparentes um pó brilhante era levado pelo vento.
A menina fada passou a chamar o lugar de terra dos sonhos, pois tudo que sonhara estava guardado ali, deste as motocicletas de açúcar colorido até as reuniões na montanha da luz, para falar do quão lindas são as flores todas as manhãs. Em seu mundo o limão tinha gosto de tequila, se pescava sushi no poço fervente, os pássaros jogavam do céu barrinhas de chocolate meio amargo em formato de coração, o som do vento acarinhando as árvores parecia um tilintar de um triângulo ao tocar um ‘pé de serra’ acompanhado na sanfona. Na terra dos sonhos ela tocava amor nas cordas do violão feito de tempo, comia sorvete de menta com pedacinhos de chocolate no café da manhã, jogava basquete em cima da lua, andava de bicicleta por cima do mar. Se perdia no tempo, se enrolava nos lençóis do luar. Até acordar no duro colchão da realidade e perceber com uma pontada de dor, que o dia no mundo real iria começar outra vez, e que ela teria de ser forte para enfrentar a realidade, e que embora sonhar fosse bom, a única forma de crescer, era sentir dor.
[Poliana Fonteles]
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